Diariamente pessoas procuram seus médicos para uma avaliação cardiológica e liberação para prática de exercícios. As avaliações acabam em um exame clínico, em geral associado a um eletrocardiograma em repouso. De porte da tal avaliação, o indivíduo de 18 ou 60 anos inicia a prática das atividades, nem sempre tão moderadas como deveriam ser. Poucos meses depois, pode acabar em uma corrida de rua de 5 ou 10 quilômetros – afinal, o exame clínico afirmou aptidão. Só que não tão raro ficamos sabendo de casos de morte súbita em pessoas relativamente jovens durante a prática de atividade física.
A avaliação cardiológica deve ser adaptada principalmente ao
programa de exercício que se pretende para cada pessoa. Se olharmos um jovem de
25 anos que quer exercícios de desenvolvimento muscular e moderada atividade
aeróbica, sua avaliação será totalmente diferente daquela do indivíduo acima de
45 anos pretendente a fazer um programa de corrida de rua. Neste último, até um
teste de esforço simples pode ser insuficiente, dependendo de sua história
genética. A decisão compete a um cardiologista – se possível, dedicado à área esportiva.
A maioria dos problemas cardíacos é de origem congênita, ou
seja, normalmente surge antes do nascimento e pode afetar qualquer pessoa. No
entanto, o problema é potencializado naquelas que praticam esportes e exigem
mais do corpo. A atividade física apresenta um grande potencial preventivo, mas
pode agravar doenças pré-existentes, sejam elas diagnosticadas ou não. Há
doenças cardiológicas que podem apresentar pouco ou nenhum sintoma e se
agravarem com a atividade, podendo levar à morte súbita.
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• Detectar precocemente condições ou doenças que ofereçam
risco durante a prática de exercícios.
• Fornecer informações que sirvam para determinar o grau de
atividade adequado ao nível de condicionamento físico da pessoa.
A AHA (American Heart Association) publicou um consenso
sobre APP em 2007, recomendando que sejam avaliados 12 itens.
- História clínica pessoal:
1) Dor ou desconforto no peito relacionados ao exercício.
2) Síncopes (“desmaios”) sem explicação.
3) Falta de ar/fadiga exageradas ligadas à atividade física.
4) História anterior de sopro cardíaco.
5) Pressão arterial aumentada.
6) Morte repentina, inesperada e precoce (antes dos 50) em
familiar.
7) Doença cardíaca incapacitante em parente próximo com
menos de 50 anos.
8) História familiar de algumas doenças específicas:
cardiomiopatia hipertróifica, Síndrome de Marfan, arritmias.
- Exame físico:
9) Sopros cardíacos.
10) Pulsos femorais (para investigar coarctação de aorta).
11) Sinais da Síndrome de Marfan.
12) Medida da pressão arterial (sentado).
É importante lembrar que esses itens se referem a um
“screening”, ou seja, caso seja detectada alguma anormalidade, o indivíduo deve
prosseguir a investigação com um especialista.
Fonte: Folha de São Paulo
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