sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A REALIDADE NÃO IMITA A ARTE




O sonho de administrar uma cidade é tão comum que há cerca de uma década foi lançado o jogo para computador/videogames que simula essa oportunidade e, até hoje, faz sucesso em suas sucessivas versões.  O jogador pode optar entre construir uma cidade nova ou administrar uma grande cidade conhecida e assistir, de camarote, as conseqüências de suas escolhas administrativas.  Escolhas equivocadas levam o administrador a ganhar uma sonora vaia, mas este sempre tem a seu dispor a possibilidade de “apagar” a cidade e começar de novo.
            A realidade, porém,  é muito mais dura e cruel.  Escolha errada, omissões, negligência e má fé implicam em perda de investimentos, degradação do patrimônio público, desemprego, doenças, insegurança, prejuízos e até mortes.  Administrar uma cidade é muito mais que fornecer cestas básicas e fazer discursos desprovidos de lastro. O governo passado encerrou seu mandato anunciando que transformara Ribeirão Preto em um canteiro de obras.  Mas a quem e a que serviram essas obras?  Certamente não é à população de Ribeirão Preto.  O Colégio Dom Amaral Mousinho, referencia no ensino municipal, após uma reforma de  mais de R$ 5 milhões foi recebido pela atual administração sem condições de uso.  As esperanças e alegrias geradas por ocasião do anuncio da reforma da Praça das Bandeiras transformou-se, na entrega, em espanto e horror manifesto na recente revolta do Padre Chico.
            Se algumas obras surpreendem pelo mau feito outras o fazem pela absoluta falta de compromisso com os prazos contratados.  Por exemplo, a reforma do Parque Ecológico Maurílio Biagi, com recursos estimados em mais de R$ 2 milhões e entrega anunciada para março de 2009 teve, em abril daquele ano, seu prazo prorrogado por mais 60 dias e ainda hoje a cidade aguarda sua conclusão.    Na área da saúde os investimentos não tem tido sorte melhor. A UBS de Vila Tibério que está em vias de ser entregue como concluída já tem contra ela denuncias  que a Comissão Permanente de Saúde da Câmara Municipal, presidida por este vereador, teve oportunidade de, in loco, averiguar.
            Mazelas, pontuais ou não, à parte, cabe perguntar por que razões tantos problemas ocorrem com quase tudo que envolve o poder público?  Obras são licitadas, projetos detalhados, memoriais descritivos elaborados e quando a obra é entregue nada do que era esperado afinal se materializou.  Diferentemente da ficção virtual dos joguinhos, não dá simplesmente para esquecer os erros ou “deletar” uma experiência fracassada para começar tudo de novo.  No mundo real erros e negligências passam a fazer parte de nossas vidas e, alguns deles, determinam nosso futuro.
            O tapete de buracos em que se transformaram nossas ruas e avenidas, além dos incômodos que nos trazem, é o retrato fiel da maneira como alguns gestores têm conduzido nossa cidade.  Duvido que conduzam seus negócios particulares com a mesma parcimônia e ineficiência com que tratam o dinheiro público.
            Hoje, mais do que nunca, Ribeirão Preto anseia por uma administração que, mesmo distante de ser modelo de eficiência, pelo menos não transforme nossos mais caros sonhos em pesadelos.
           
            Dr. Jorge Parada
Médico e vereador – PT