segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Quanto custa um tombo?

Andar pelas calçadas das cidades brasileiras quase sempre é uma aventura. O descuido com as necessidades dos pedestres tem sido uma constante nas administrações públicas de nosso país. Ribeirão Preto não foge a essa regra. Dispensasse o poder público igual tratamento às ruas e avenidas essas se tornariam intransitáveis. A diversidade de materiais, de inclinações propostas, a quantidade de degraus, a variedade de artefatos que vitimam o “passeio público” tornam intransitáveis esses espaços, motivo pelo qual, não raro, assistimos idosos, crianças, pessoas com deficiência física disputando, a despeito dos riscos, espaço com veículos motorizados e bicicletas. Infelizmente a maioria das calçadas serve para quase tudo, menos para o transito de pedestres.
Dos acidentes com veículos motorizados e de suas conseqüências temos noticias todos os dias. Imagens dramáticas de veículos retorcidos iluminados pelas luzes de bombeiros e ambulâncias, abrem espaço para reclamações de ruas esburacadas, da ausência de semáforos, da insuficiência de sinalização, dos prejuízos materiais e do sofrimento dos envolvidos. Por outro lado os acidentes com pedestres ocorridos sobre as calçadas são ignorados tanto por autoridades públicas como pelo senso comum. Na maior parte das vezes se atribui o acidente à falta de cuidado da vítima e quase nunca às condições oferecidas.
Preocupados com esta situação o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA- em 2003, buscou quantificar os acidentes envolvendo pedestres sem a participação de veículos. Verificou-se que para cada grupo de 1000 pessoas 09 relatam ter sofrido algum acidente nas calçadas e que o custo médio destes acidentes gira em torno de R$ 2.500,00, isto sem contar o sofrimento e impactos gerados na estrutura familiar dos envolvidos.
Em uma cidade como Ribeirão Preto, com cerca de 550 mil habitantes, estamos, sem contar o sofrimento envolvido, falando de aproximadamente 4950 acidentes que geram prejuízos da ordem de R$ 12 milhões. Inconformado com a inércia das diversas administrações estou enviando à Prefeitura, em forma de indicação, sugestões de políticas públicas como a adoção do conceito de Desenho Universal para projetos de calçadas; a elaboração do projeto de mobilidade urbana; a aprovação do projeto do mobiliário urbano; incluir, nos novos loteamentos, a obrigatoriedade de aprovação do projeto de calçadas segundo especificações técnicas da prefeitura, condicionar a liberação dos lotes caucionados à execução da calçada pelo loteador; a adoção de lombofaixas nas travessias de ruas próximas a escolas, hospitais e outros locais com grande fluxo de pedestres; a criação do Conselho Municipal do Pedestre entre outras. Medidas estas que poderão, se aplicadas, gerar conforto e segurança ao pedestre, economia aos cofres públicos, além de evitar muito do sofrimento imposto às nossas crianças, adolescentes, adultos e principalmente aos idosos que, diariamente, apostam sua saúde ao transitar pelas calçadas de nossa cidade.


Dr. Jorge Parada
Médico e Vereador – PT
dr.jorgeparada@ymail.com